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MUNDO
Talvez para muitas pessoas, o pedido de demissão do Governo irlandês, após ter negociado e aceite uma intervenção externa no país, possa ter resultado numa surpresa mas para quem conhece a história da Irlanda, a reacção nem é assim tão surpreendente.
A independência da Irlanda foi conquistada a ferros aos britânicos, a perspectiva de perder à soberania económica como consequência de uma intervenção externa, que ainda por cima inclui ajuda britânica, resulta ultrajante para qualquer irlandês. No entanto, não deixa de ser estranho a UE e o FMI estarem a negociar um pacote de ajuda financeira com um Governo demissionário, ainda mais estranho, é um Governo demissionário propor um Orçamento de Estado para 2011 e um Plano de Austeridade de 4 anos, para ser implementando por um outro Governo. E ainda mais estranho, é que ninguém sabe qual vai ser o output das futuras eleições irlandesas, porque razão, um novo Governo, muito provavelmente de outra cor política, vai honrar um compromisso assumido pelo Governo anterior? A crise política irlandesa instalou uma enorme vaga de incerteza que irá pressionar ainda mais os mercados de dívida com uma subida das yields, arrastando a dívida dos demais países periféricos afectados, além de suscitar nos investidores um enorme sentimento de dúvida sobre a eficácia do plano de ajuda irlandês, implicando uma fuga de capitais do país para evitar um eventual default e a correspondente reestruturação da dívida. Parece-me profundamente estranho que a UE e o FMI negoceiem nestes termos, sem existir um consenso político no país, porque se o plano de ajuda se revelar um fracasso devido a esta instabilidade política, é dinheiro dos contribuintes europeus que vai literalmente para o lixo, portanto, seria expectável um maior grau de colateral político nestas negociações. Ricardo Amorim
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Este gráfico evidência os ganhos de longo prazo dos mercados norte-americanos tendo em conta a perspectiva dos 12 últimos meses. O gráfico elucida como os ganhos caíram 92% desde do 3T/2007 até 1T/2009 – o maior declínio da história desde 1936. A partir do mínimo histórico do 1T/2009, o S&P 500 Earnings já recuperou 700%, atingido um patamar que só foi superado pelos últimos anos da bolha Dot.com e da bolha de crédito. As actuais expectativas de Wall Street apontam que os ganhos poderão atingir os níveis de $70 para os finais de 2011 – um nível apenas superado na parte final da bolha de crédito. Perante este cenário altista, pergunto-me o que passará no mercado domestico português, mais concretamente, com a PT Telecom? A empresa resistiu bem ao que poderia ter sido uma segunda-feira negra, teve poder de encaixe, mas agora que começam a esvanecer as expectativas de uma presença sólida no Brasil e a inevitabilidade da venda da Vivo, será que a PT Telecom vai resistir a lei dos mercados? Ricardo Amorim |